Entrevista com Garcia Lorca
11:41Entra, Garcia Lorca, a sala é pobre mas cabe bem mais um poeta.
Não precisas limpar a lama da roupa nem o orvalho dos cabelos.
Entra de leve, Garcia Lorca, que meu filhinho está chorando, que-
[ rendo dormir.
Eu soube que não há mais rosas em Granada.
Mas, por que é que tu ficas assim, embevecido ante a mantilha
[ rendada
Que a noite jogou à-tôa pelo céu?
Foi a mão daquele monstro que desfolhou as rosas de Granada.
Que pôs esta mancha de sangue no teu coração?
Entra, Garcia Lorca, e conta aquela história triste
Para meu filhinho pequeno aprender no seu berço
Como os poetas sabem lutar,
Como os poetas sabem morrer...
E, depois que êle cerrar os olhinhos inocentes,
Vem, de novo, sentar comigo ao pé da janela aberta.
Vem acender teu cigarro, que já acendi meu cachimbo
Na luz vermelha daquela estrêla que Stalingrad dependurou no céu
Para iluminar o teu caminho de volta
E o meu caminho de ida...
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