Paz
14:43
Eu já não quero mais ouvir falar de
guerra.
Tirem diante dos meus olhos essas cenas
sangrentas.
Levem para longe dos meus ouvidos esse ruido de
metralhas.
Meus olhos já não podem mais contemplar esse rio
vermelho
E essa estupidez das carnes laceradas,
E essa triste visão de cruzes e mortalhas,
Estou farto de guerra.
A guerra é um feio súcubo que aterra.
Falem-me, antes, de campos verdes
Onde as mulheres ceifam os trigais de ouro
E as crianças apanham frutos.
Falem-me das cantigas que as mulheres cantam,
voltando da fonte,
Enquanto a fumaça azulada sobe dos
telhados
E o sol vai repousar nos coxins do
horizonte.
Falem-me dos bois deitados na paz vigiliana dos
campos.
Dos homens simples que rasgam a terra.
Da terra boa que se abre ao sol, na oferenda
prodiga da colheita,
Das noites que sentilam dos olhos dos
pirilanpos.
Falem-me dos operários musculosos que levantam
cidades,
Que os incendiarios morreram de remorso e de
vergonha,
Que ao camponês não resta somente os sete palmos
da sepultura
Mas toda a terra que seu braço possa domar
E cultivar para a festa da fartura.
Falem-me dos cabelos das raparigas jogados, como
mantos nas ervas pelos prados
Falem-me dos olhos simples que se perdem nas
noites cheias de estrelas
Procurando outros olhos namorados.
NÃO! Eu não quero mais ouvir falar de
guerra.
Derramei de meu coração todo o ódio, - esse
vinho envenenado; -
Vou enchê-lo de amor. Quero enchê-lo de
amor.
Quero enchê-lo com as minhas próprias
mãos.
Falem-me de PAZ, meus irmãos proletários das
cinco partes do mundo!
Falem-me de PAZ, meus irmãos!
Meus irmãos!
Meus irmãos!...
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