O Poeta Escrevendo
14:27
Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.
De que serve trancar a porta?
De que serve botar as mãos no ouvido?
De que serve fazer papel de surdo que não quer
ouvir?
Gritos de homens na rua entram, apesar de
tudo,
Uivos de seviciados entram, apesar de
tudo.
Solidão uma conversa! eu estou é no meio do
mundo.
Os enucos estão fazendo flores nas torres de
marfim,
Mas eu estou é no meio do mundo.
O rumor das ruas confunde-se ao ritmo do teclado
da máquina.
Metralhadoras escrevem poemas no teclado da
máquina.
Cavalos estão batendo patas no teclado da
máquina.
Gente lutando,
Suando,
Amando, nas cinco partes do mundo.
Quem pode escrever poemas de solidão,
Se portas trancadas nada valem,
Se mãos nos ouvidos nada valem,
Se, fazer o papel do surdo que não quer ouvir,
nada vale,
Se os olhos dos morimbundos ficam, no alto,
iluminando as páginas,
Se mãos alvas vem acender o cigarro,
devagarinho,
Se o rumor da rua vem fazer coro ao ritmo do
teclado da máquina?
Solidão uma conversa! eu estou é no meio do
mundo.
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