Não estou só
15:42
Não estou só, porque o piano invisível
Está repetindo a valsa clássica daquela noite,
há muito tempo.
Não estou só, porque há palavras que foram ditas
e não morreram de todo.
Não estou só, porque as amadas mortas ainda
estão falando ao meu ouvido;
Mocinhas vestidas de branco das cidadezinhas
tranquilas estão sorrindo para mim;
Comovendo minha estátua e o retrato em cima da
mesa.
Não estou só, porque os olhos do retrato estão
perdidos no passado e no presente.
A sala é pequena. O mundo parou. Tudo parou.
Ainda assim não estou só,
Porque a noite chora sangue no pingo da
estrela,
Parado, no rasgão da janela que dá para o
mundo.
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