A língua brasileira
15:43
Nasceste a ouvir das lutas o ribombo,
Vendo flechas cruzarem-se pelo ar;
Vendo o sangue correr de tombo em tombo,
Como um rio fantástico a jorrar.
As guitarras saudosas de além-mar,
Que o mar, - gigante bom, - trouxe no
lombo,
Embalaram-te. E ouviste, no quilombo,
A voz do banzo de fazer chorar.
Desses arroubos belicosos falas.
Dores alimentaram-te as raízes,
Por isso guardas, doloroso poema,
O calundu do banzo nas senzalas,
A dor do "gosto amargo de infelizes"
E o rugido guerreiro da pocema.
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