PAZ

11:18

O povo brasileiro, ao lado de todos os povos amantes da paz, pode e deve dizer NÃO!
aos provocadores de guerra.
                             Prestes  

Eu já não quero mais ouvir falar de guerra!
Tirem diante dos meus olhos essas cenas sangrentas,
Levem para longe dos meus ouvidos esse ruido de metralhas.
Meus olhos já não podem mais contemplar esse rio vermelho,
E essa estupidez das carnes laceradas,
E essa triste visão de cruzes e mortalhas,
Estou farto de guerra,
A guerra é um feio súcubo que a terra!

Falem-me, antes de campos verdes,
Onde as mulheres ceifam os trigais de ouro,
E as crianças apanham frutos.

Falem-me das cantigas que as mulheres cantam
                                             voltando da fonte,
Enquanto a fumaça azulada sobe dos telhados,
E o sol vai repousar nos coxins do horizonte.

Falem-me dos bois deitados na paz
                                      vigiliana dos campos,
Dos homens simples que rasgam a terra.
Da terra boa que se abre ao sol, na oferenda prodiga da colheta,
Das noites que sentilam dos olhos dos pirilanpos.
Falem-me que as arcas se abrirem, e que as crianças sem dono
Em cada lar um lar encontram e acham em cada coração
Um afago de mãos para o seu sono.

Falem-me dos operarios musculosos que levantam cidades;
Que os incendiarios morreram de remorso e de vergonha;
Que ao camponês não resta somente os sete palmos da sepultura,
Mas toda a terra que seu braço possa domar
E cultivar para a defesa da fartura.

Falem-me dos cabelos das raparigas jogados como mantos, nas ervas pelos prados.
Falem-me dos olhos simples que se perdem nas noites cheias de estrelas,
Procurando outros olhos namorados.

NÃO! Eu não quero mais ouvir falar de guerra!
Derramei de meu coração todo o ódio,  - esse vinho envenenado.
Vou enche-lo de amor.
Quero enche-lo com as minhas proprias mãos.

Falem-me de paz, meus irmãos proletários das cinco partes do mundo!
Falem-me de paz, meus irmãos! Meus irmãos! Meus irmãos!

1949.

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